Isolamento social impacta saúde mental de crianças e adolescentes
- Expresso UFC
- 5 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
Psicóloga indica criação de rotina e brincadeiras livres para o bem-estar mental das
crianças e mãe comenta seus receios com a volta às aulas presenciais
Por Gabriela Barros e Isabelle Maciel

Saúde mental das crianças é afetada durante a pandemia. Imagem: Aaron Burden
A rotina de milhares de crianças cearenses mudou desde que o primeiro decreto de isolamento social assinado pelo governador Camilo Santana (PT) entrou em vigor, no dia 19 de março, devido à pandemia do novo coronavírus. Escolas fecharam e as brincadeiras com os amigos tiveram que parar.
Um levantamento realizado pela Assembleia Nacional Popular (ANP) em parceria com o governo chinês na província chinesa de Xianxim com 320 crianças e adolescentes revela os efeitos psicológicos mais imediatos da pandemia, foram: dependência excessiva dos pais (36% dos avaliados), desatenção (32%), preocupação (29%), problemas de sono (21%), falta de apetite (18%), pesadelos (14%) e desconforto e agitação (13%).
Em relação aos efeitos da pandemia na saúde mental das crianças e o ensino à distância, a psicóloga infanto-juvenil Luciana Nercessian relata a necessidade de cada pai analisar quais são as possibilidades da família de organização de uma rotina de estudos e brincadeiras para a criança, a fim de não prejudicar o desenvolvimento intelectual e a saúde mental dos infantes. A psicóloga indica a criação de um ambiente favorável ao estudo e o tempo livre para brincadeiras, para não sobrecarregar as crianças e permitir que elas se expressem através de atividades livres, como pintura e massa de modelar.
Apesar da volta às aulas no Ceará estar ocorrendo de forma gradual desde 1º de setembro nas escolas particulares, o retorno às salas de aula está sendo diferente. Os alunos não podem se abraçar, se tocar ou brincar livremente. Além dos alunos que não retornaram ao ensino presencial, seja por medo dos pais ou pelo fato das escolas públicas não possuírem data de retorno.
Vânia Wladia, 33, mãe de Maria Ester, 4, relata o período complicado da quarentena em que a filha tinha que assistir às aulas sozinha, antes de voltar a estudar presencialmente no dia 29 de setembro. Durante o período em que Maria Ester passou estudando remotamente, Vância Wladia relata que percebeu um efeito negativo no nível de aprendizado da filha, através dos livros da escola, “quase não tem atividades realizadas”.
Com o retorno às aulas presenciais, a mãe afirma possuir muito medo ainda, apesar da filha ir de máscara e levar álcool em gel para a escola, “Eu sei que não depende só dela, então, conto com o auxílio da professora e sempre me comunico com a escola.”
Sobre a reabertura das escolas, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para aInfância (Unicef) e a Organização das Nações Unida para a Educação, a Ciência e Cultura(Unesco), afirmam que os governos devem priorizar a retomada da aulas presenciais de forma segura nas escolas e garantir o direito de crianças e adolescentes àeducação seguindo orientações atualizadas do guia com protocolos sanitários e medidas desegurança contra a disseminação do novo coronavírus. O fechamento das instituições escolares só deve acontecer quando não houver maisalternativas, de acordo com o guia.
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