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A mudança na vida dos idosos cearenses durante a pandemia da Covid-19

  • Foto do escritor: Expresso UFC
    Expresso UFC
  • 5 de nov. de 2020
  • 4 min de leitura

Por Levi César e Beatriz Gomes


Idosos tiveram suas rotinas modificadas pela pandemia do novo coronavírus


Moradora de Fortaleza, Fátima Nascimento, fala sobre sua experiência na pandemia.


No dia 11 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia mundial de Covid-19, doença causada pelo vírus Sars-Cov-2, também conhecido como novo coronavírus. O anúncio foi feito pelo diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom, em coletiva de imprensa realizada em Genebra, cidade onde se localiza a sede da organização. 


Após a confirmação de casos de contaminação pelo vírus fora da China -  onde foram registrados os primeiros infectados com a doença -, diversos países adotaram protocolos com medidas sanitárias e de distanciamento social como forma de conter a rápida disseminação do vírus e evitar o colapso nos sistemas de saúde ao redor do mundo. Ao longo dos meses, desde o surgimento do novo coronavírus, médicos, pesquisadores e cientistas dedicaram-se ao estudo do vírus e dos casos para entender o processo de proliferação, contaminação, sintomas e danos causados à saúde dos infectados.  


Grupo de risco 


Por meio de pesquisas e estudos realizados - como o levantamento publicado no British Medical Journal (BMJ) - foi possível constatar que o quadro de um indivíduo infectado pelo novo coronavírus tende a se agravar caso tenha idade acima de 60 anos, ou seja, portador de alguma doença crônica debilitante, como obesidade, hipertensão, tuberculose e diabetes, também chamadas de morbidades. A partir destas informações, a Organização Mundial da Saúde classificou as pessoas que se enquadram nestas características como integrantes do grupo de risco. 


Devido aos riscos que a Covid-19 pode trazer à saúde dos idosos, os cuidados tiveram de ser redobrados com eles. A nova realidade imposta pelas medidas de prevenção, como quarentena e isolamento social, impactou a vida de milhões de cearenses, e entre estes estão milhares de idosos. De acordo com um estudo realizado pela ONU (Organização das Nações Unidas) e publicado em maio deste ano, as taxas de mortalidade para pessoas com mais de 80 anos de idade são cinco vezes a média global.


Impacto econômico


Além da maior vulnerabilidade aos riscos de complicações em decorrência da Covid-19, os idosos também sofrem com a perda de suas rendas, com as incertezas em relação ao enfraquecimento da seguridade social prestada pelo governo e com os impactos econômicos causados ao país pela  pandemia do novo coronavírus. De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o percentual de idosos no Brasil que trabalhavam de forma remunerada antes da pandemia era de 52,3%, sendo 61% homens e 46% mulheres. Já o índice de idosos que trabalhavam sem vínculo empregatício corresponde a 42%, dos quais 37% são homens e 49% são mulheres.  


A pesquisa também mostrou que 34% dos idosos exercem alguma atividade considerada essencial, como assistência à saúde, segurança, transporte e serviço bancário, sendo responsabilidade do governo garantir a proteção à saúde dessas pessoas. Ainda segundo o levantamento, há pelo menos um morador idoso em quatro de cada dez domicílios, e 18% moram sozinhos. 


Mudanças no cotidiano


No dia 8 de maio, o governador do Ceará, Camilo Santana, decretou lockdown em Fortaleza, restringindo a circulação de pessoas e veículos nas ruas da capital e permitindo apenas, para realização de atividades essenciais, os profissionais que atuam em áreas como alimentação, saúde e segurança pública.

Com a implantação das medidas de prevenção à disseminação do novo coronavírus em Fortaleza, a comerciante Fátima Nascimento, 72, teve de se adaptar à nova rotina com isolamento social, lockdown, uso de máscara ao sair de casa e constante higienização das mãos com sabão e álcool em gel. “Todas as quintas-feiras, eu tenho uma novena, mas devido à epidemia a gente não está fazendo”, relata a idosa. Além disso, ela conta o que mudou na sua vida em relação ao período anterior à pandemia.

“A minha vida antes era maravilhosa. Eu não parava. De manhã eu ficava no meu irmão até 9h00 porque eu durmo lá. Quando dava 09h30min, eu pegava o ônibus na Francisco Sá e ia lá pro [bairro] Damas pra cuidar de uma amiga minha. E isso era quase todo dia. Meu cotidiano era esse”, complementa a idosa.  


Fátima conta ainda sobre todos os cuidados que toma ao sair de casa. “Estou saindo, mas com muito cuidado. Se eu vou resolver uma coisa no centro [da cidade] não vou resolver só uma, fico juntando pra ir logo de uma vez só. Igreja também. Não tô indo pra igreja. E tenho muito cuidado quando saio, sempre usando a máscara e o álcool em gel”, afirma. 


Já com relação à atuação do governo do estado na condução da crise sanitária e as decisões tomadas pelo governador Camilo Santana para conter a curva de contágio da doença, Fátima faz uma avaliação positiva. “Quanto ao poder público, o governador, a vice-governadora, o prefeito, eu admiro muito o governador daqui. Ele atravessou essa fase [de pandemia] muito difícil no mandato dele, mas sempre tirando de letra”. A comerciante afirma ainda nunca ter sofrido nenhum tipo de preconceito por ser idosa. “Quanto ao preconceito por ser idosa, nunca sofri. Sempre que vou a algum lugar as pessoas me respeitam. Quando subo no ônibus alguém sempre me dá o lugar”, complementa.    





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